domingo, 29 de agosto de 2010

Apocalipse, Já!


O Mundo acabou, e agora?

Claro, os jovens ainda estão lendo sobre vampiros, mas cenários sobre o fim do mundo estão mais comuns que nunca.

Felizes para sempre? Talvez.  Milhares de jovens estão lendo romances futuristas como “pesadelos” e não como clássicos requeridos por professores, como por exemplo 1984 e Admirável Mundo Novo. Editoras estarão lançando dezenas de novos pós-apocalípticos, nos próximos anos. Entre os cenários: nenhum gás, nem água, os vírus funcionam fervorosamente, a manipulação genética foi um desastre, os líderes totalitários. Realmente sonhando alto demais, e continua...
Por que agora?  As manchetes dos jornais, ainda a pouco estavam voltadas para a gripe suína, terrorismo, aquecimento global e guerras no oriente médio. Esses são as principais inspirações do apocalipse. Algumas editoras, apontam o fato também, para o aguardado – e temido – 21 de dezembro de 2012, o fim do calendário de mais de 5126 anos, supostamente, um sinal apocalíptico.
Ainda assim, a maioria das editoras e autores, creditam isso ao desastre do World Trade Center. “Depois do 11 de setembro, as pessoas começaram a pensar sobre o fim do mundo, então nós apostamos em Nova Orleans e terremotos”  diz Karen Grove, que editou a triologia The Last Survivors, de Susan Beth Pfeffer, que teve seus direitos de publicação no Brasil vendidos para a Editora Bertrand.
A incerteza também marca presença. “Há tanta surpresa que o futuro nos trará”, diz Lauri Hornik, editora que lançou Incarceron, que será lançado no Brasil, pela Novo Século, no 1º semestre de 2011.


Promessa de vendas
Liderados por Suzanne Collins, autora de Jogos Vorazes, os livros pós-apocalípticos são de fácil venda, e corriqueiramente circulam nas listas de Mais Vendidos.  E alguns título como Jogos Vorazes, vendem por causa do famoso boca-boca “Você tem que ler este”. Os livros são mais apreciados no boca-boca . Esses são os títulos que os jovens não hesitam em ler, como acontece com os livros de ficção científica.
Uma olhada nas impressões: Witch & Wizard, de James Patterson, que deve ser lançado no Brasil pela Editora Rocco, que trata acerca de crianças que desafiaram o governo da Nova Ordem, teve uma impressionante marca de 700 mil livros impressos. Gone – O Mundo Termina Aqui, de Michael Grant, que será lançado em agosto pela Galera Record, teve uma tiragem de 200 mil livros. E mais de 1 milhão e 500 mil livros para os dois primeiros volume da série Jogos Vorazes.
Assim como Jogo Vorazes, os livros freqüentemente vem a calhar como uma série. Isso ajuda, preenchendo lacunas do primeiro livro. Se você se esforça, para criar um novo mundo, você tem o direito de querer uma seqüência. Um exemplo é A Floresta de Mãos e Dentes – que será lançado em setembro pela Editora Underworld -  que ganhou sua continuação, The Dead Tossed Waves, em março deste ano, e terá ainda um terceiro livro, The Hollow and Dark Places, que será lançado em março de 2011, nos EUA, Nova Zelândia, Austrália e Reino Unido.

“Testando a água. Oh meu Deus!!!!! Isso pode mesmo acontecer?” Esses efeitos são atributos para uma leitura rápida e empolgante. “Nós gostamos de ter medo das coisas que não são reais. A idéia de que estamos lendo algo completamente estranho  ou impossível ou realmente terrível, nos ajuda a dar a real importância a isso.
Muitas vezes, os livros fazem as crianças se sentirem sortudas. “É a idéia de que isto é tão ruim -  e eu tive coisas tão boas.” Afirma o editor de Maze Runner -  Correr ou Morrer, lançamento de agosto da Vergara & Riba – A Captura,  A Lenda dos Guardiões – lançamento de agosto da Fundamento – e A Floresta de Mãos e Dentes – lançamento de setembro da Underworld.



De volta para o Futuro!
Temas apocalípticos nos remontam à Bíblia, e os romances distópicos, à O Último Homem, escrito por Mary Shelley (lançado em uma edição bilíngüe pela LandMark) em que quase todos terrestres são mortos por uma praga. Tradicionalmente, os livros desse gênero tendem a ser contra o governo e qualquer ação opressiva. “Eles realmente são uma espécie de contos repressores. Esse livros são metáforas incríveis, a partir do meio ou situação social da época.”
Contos distópicos, tradicionalmente são feitos para adultos, mas o mercado alterou se rumo bruscamente nos últimos anos;  grande parte devido à série Feios, de Scott Westerfeld – que já tem dois livros lançados no Brasil.
A nova geração, de leitores “distópicos”, os temas abordados, são semelhantes aos que os precedem. No romance The Undentified, que deverá ser lançado em outubro, nos EUA, as crianças vão para a escola, em um shopping Center, onde são vigiados, durante 24 horas por dia.  A história, apesar de ser uma versão exagerada da realidade, levanta a seguinte questão: Até quando as organizações podem nos ditar o que fazer?
O romance, Teste de William Sleator, também faz suas críticas. O romance, descreve o “pior pesadelo de toda criança”: um exame padronizado, que decide quem vai ser rico e quem vai ser pobre. Se há alguma coisa, que faça mal à sociedade... é o exame padronizado. A idéia de que a vida, pode ser manipulada por organizações, que têm interesses misteriosos, e não necessariamente bons, é sem dúvida uma lição as crianças.
Segundo Lisa McMann, autora da série Wake, lançada no Brasil pela Novo Século, diz que nos livros distópicos, se encontra uma tonelada de conflitos. Segundo ela, isso os torna interessante, já que em muitas dessas vezes, vidas estão em jogo. A autora Best-seller irá lançar em 2011 The Unwanteds. O livro trás no enredo, uma sociedade, que valoriza os jovens através da força e da inteligência, mas caso eles sejam criativos, eles são mandados para fazendas “matoudoro”.
Muitas vezes, os autores distópicos exageram ao lidar com temas atuais, como o aquecimento global e a alta tecnologia. Na série The Carbon Diaries 2015, o governo raciona o uso de dióxido de carbono. Em Dark Life, de Kat Falls, as pessoas vivem em amontoadas de cidade subaquáticas, porque terremotos e oceanos em elevado nível,  fazem da terra inabitável.  Na triologia Walking, de Chaos Patrick, os homens, são contaminados com germes que transmitem seus pensamentos. Segundo o autor, a inspiração veio da sobrecarga de informações à que os adolescentes estão sujeitos.
Livros como Little Brother, (uma alusão clara a Big Brother),  ensinam a lidar com os sentimentos de liberdade civil. No livro de Isamu Fukui, as crianças hackers, são levadas a comandar o departamento de segurança interna. Em The Water Wars, a água é mais valiosa que o ouro devido ao aquecimento global.
Autores, também estão tendo um ângulo inédito, da batalha dos sexos. Em Epitaph Road, de David Patneaude, um vírus mata 97% dos homens. Em Vulture’s Wake de Kirsty Murray, praticamente todas as mulheres desaparecem depois de uma guerra.
Alguns livros contemporâneos, o romance é visto sobre um novo ângulo, embora este gênero ainda está ofuscado.  Em Delirium, de Lauren Oliver – mesma autora de Before I Fall, que será lançado pela Intrínseca – o amor é declarado uma doença, e as garotas com dezoito anos de idade, começam uma processo conhecido como “a cura”, que busca permitir uma vida livre de amor e desgosto. E em Matched, de Allyson Condie, as garotas são guardadas em um “cofre”, e ficam felizes por isso.
Às vezes, autores utilizam contos futuristas para dar referências à crianças do passado. Em The Clone Codes, de Patricia McKissack, clones são tratadas como escravos em 2170. No final do livro, o autor fala sobre como se inspirou nos escravos americanos.
Como a escravidão, a previsão ilegal vem a tona em Incarceron, de Catherine Fisher – que será lançado pela Novo Século, no 1º semestre de 2011. A prisão é tão grande, que inclui uma floresta, cidade e mar. E em The LIne, de Teri Hall, - que também será lançado pela Novo Século -  uma barreira física abrange todo o EUA.
Uma mensagem: Se os personagens dos livros persistem, os leitores também.  Isto permite que você viva um medo e conquiste-o.  Coisas horríveis acontecem, pessoas morrem, mas termina com personagens tentando seguir em frente.


A esperança é a última que morre!

Os autores de literatura infanto-juvenil, estão usando o gênero distópico, para tratar de assuntos atuais.  Mas ao contrário de escritores de livros para adultos, eles tratam o tema, num ângulo otimista.
Se há um tema ideal na literatura juvenil, é a esperança! Normalmente, esse tipo de livro funciona como um conto de fadas.  Mesmo nas piores situações, encontramos formas, de melhorar o mundo. 
A literatura infanto-juvenil, principalmente quando se trata de Jogos Vorazes, tem encontrado uma ampla aceitação entre adultos.  É o mesmo que aconteceu com Crepúsculo, crianças leram e depois adultos. Os adultos também começam a ganhar espaço entre os distópicos, um grande exemplo é A Passagem, de Justin Cronin – lançado em agosto pela Sextante.
Com o seu drama e violência, os distópicos caminham para o seu grande momento.  Nos dias de hoje, as pessoas já se reúnem para assistir filmes como O Livro de Eli.  Vários autores, já têm vendido o direito de adaptação da suas obras para o cinema. Como é o caso de Amanhã, Quando a Guerra Começou, de John Marsden.  Os direitos de filmagem de Correr ou Morrer também já foram vendidos. A Seven Star Pictures, deverá lançar no próximo ano a adaptação de A Floresta de Mãos e Dentes. Jogos Vorazes, está tendo seu roteiro escrito pela autora, Suzanne Collins.
Os detalhes muitas vezes não importam em um mundo distópico, o fundo trágico quase sempre é o mesmo.  A qualquer hora em que é tentado, o livro acaba em desastre.
Uma coisa é certa: Os livros distópicos continuarão entre nós. Vampiros e apocalípticos co-existem.  A ficção distópica, se tornou um gênero anexável à literatura infanto-juvenil. Jovens, mostram interesse por variações futuras, sejam elas boas ou más.
Enquanto o medo existir, os distópicos existirão.  O mundo tornou-se um lugar muito assutador. O medo está aqui para ficar!


                                                                  Traduzido e adaptado por Igor Santos.
                                                                      Artigo original: Publisher Weekly

2 comentários:

  1. Realmente é a grande tendência da atualidade, mais do que uma onda de supertsição (vide 2012) acredito que é um reflexo da preocupação da humanidade com o futuro.
    Vejo como uma reflexão de como estamos tratando o planeta, as pessoas e as consequências que estas ações terão num futuro nem tão distante. Vemos que a ficção pode se tornar realidade.

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  2. Adorei esse post! O melhor do "Tudo" até h

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