domingo, 31 de outubro de 2010

Potência morto-viva


Potência morto-viva

“Eles estão vindo te pegar!”



Essa frase é uma alusão clara ao filme A Noite dos Mortos Vivos, de George Romero. E poderia muito bem se tornar o slogan de diversas livrarias, pois todas elas vivem uma explosão de zumbis jamais vista. As livrarias estão cercadas por zumbis – ou seja, cadáveres animados, loucos por comer cérebro e carne humana – seja por romances, antologias, ou tratados não fictícios, guias de sobrevivência, novelas gráficas, e estudos acadêmicos.  Uma vez que o leitor exclusivo do gênero “horror”, onde lia sobre fantasmas sombrios, lobisomens, e vampiros sanguinários, o zumbi tem sido realmente bem aceito, e os valores de venda são favoráveis a confirmação. Guerra Mundial Z, de Max Brooks, vendeu mais de 200.000 cópias desde seu lançamento nos EUA.  Enquanto Orgulho e Preconceito e Zumbis, (uma “colaboração póstuma” com Jane Austen, em todos os sentidos da palavra) se tornou um Best-seller e foi traduzido para mais de 17 línguas – e tem sido bem aceito pelos leitores. 


Os zumbis, estão presentes desde quadrinhos ao cinema. A revista Time, chegou a dizer que “Zumbis são os novos vampiros”. Qual o porquê dessa mudança drástica no topo da “cadeia alimentar” fantástica? 
 
Zumbis podem ter se tornado, popular no boca-boca.  Porque eles são tão básicos como uma lousa em branco. Você pode ler muito sobre eles. Eles podem ser uma sátira ao consumismo ou a um comentário qualquer quanto a uma mentalidade grupal. Além disso, são reconhecidos imediatamente. Mesmo os que odeiam horror, sabem o que é um zumbi, pelo menos em um nível básico. 


Zumbis: Os novos vampiros

Culpe o interesse repentino por zumbis, a alguém muito engraçado chamado Max Brooks. Em 2003, ele escreveu O Guia de Sobrevivência a Zumbis, uma última referência, para uma geração que tinha como ligação a zumbis, batatas fritas e George Romero.  Visto como uma sátira, ao nosso interesse aos zumbis cinematográficos, (“Desde que o primeiro morto-vivo apareceu na telona, seu maior inimigo não tem sido caçadores, mas sim os críticos”) e ao humor negro. (“A capacidade mental de um zumbi, está próxima ao de um inseto”) O manual que Brooks escreveu, trás práticas  sobre os cuidados, a alimentação e um extermínio de um zumbi. 
Três anos e meio depois, e centenas de milhares de unidades vendidas, é lançado Guerra Mundial Z. O livro narra uma pandemia grave de zumbis, e traz temas contemporâneos, sociais e políticos. Em 2011, Guerra Mundial Z será adaptado para o cinema, tendo como diretor Marc Forster. O Guia de Sobrevivência a Zumbis, foi adaptado em uma novela gráfica, que narra guerra zumbis, já em 60.000 antes de Cristo. 

O sucesso dos livros de Brooks, despertou um grande interesse quanto à literatura zumbi. No mesmo ano em que Guerra Mundial Z, alcançou a lista de mais vendidos, David Wellington, viu Monster Island, um conto sobre um holocausto, ser publicado em seu blog, gratuitamente. A sua fama cresceu instantaneamente e levou-lhe a publicar uma triologia que inclui além de Monster Island, Nation Monster e Monster Planet. Já, Celular, de Stephen King, trata a cerca da manipulação de celulares, que acaba levando uma grande fração da população a se tornarem zumbis. A Zombie’s Lament, de S.G. Browne, assim que lançado teve seus direitos de adaptação cinematográfica comprados, e o filme deverá ser lançado em 2011.

Então veio Orgulho e Preconceito e Zumbis, uma releitura do clássico de Jane Austen, escrito por Seth Grahame-Smith. "É uma verdade universalmente aceita que um zumbi, uma vez de posse de um cérebro, necessita de mais cérebros." Assim começa a releitura de Seth, que não afasta de maneira alguma o clima de sombrio do clássico.


Despertar dos Mortos
Na verdade, a recente avalanche morto-viva  para o topo das tendências, é um exemplo de como  antiguidades, podem parecer novidades quando o “espírito de época” conspira para isso. Usado na cultura indígena a séculos, os zumbis foram introduzidos na literatura americana, através do livro de William Seabrook, A Ilha da Magia, um diário de viagem ao Haiti, em que apresentou de forma fantasiosa, a teoria de que mortos eram ressuscitado através do vodu, para o trabalho em canaviais. O livro de Seabrook, ascendeu a imaginação de muitos autores de ficção, o que fez com que as histórias de zumbis, começassem a ser publicadas em diversas revistas de ficção científica e horror.  Ao mesmo tempo que Robert Howard, Hugh Cave e diversos outros escritores construíam um legado com histórias de mortos-vivos, os estúdios de Hollywood, perceberam a oportunidade, e lançaram White Zombie  e I walked with a zombie.


Ao longo dos anos, os zumbis lentamente saíram do anonimato e ingressaram na cultura popular. Eles se proliferaram depois de produções amplamente vistas, como a série The Evil Dead – Uma noite alucinante e 28 Days Later – Extermínio . Tramas com zumbis vêm sofrendo transformações nos últimos tempos. Séries como The Walking Dead, acabaram levando os zumbis, a uma figura, magra, fraca, rápida e doentia, o que veio a calhar com as expectativas dos fãs.
Os zumbis estão invadindo o mercado de ficção e se tornando cada vez mais pouplar. O mercado de  “horror” está se voltando para eles. Os morto-vivos estão se sobrepondo a diversos outros “gêneros”. Eles não tem um aspecto romântico, como os vampiros têm. Eu tenho certeza de que você não vai querer se apaixonar por um zumbi. Até eles sumirem da prateleira, é melhor tomar cuidado. 

“Eles estão vindo te pegar!”

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