Vencedor do Prêmio Alfaguara de melhor romance em 2009
"
Um talento iluminado. A literatura do século XXI pertencerá a Neuman e a alguns poucos de seus irmãos de sangue."
Roberto Bolaño
"Neuman conseguiu o sonho de muitos romancistas: o romance total, façanha reservada somente a autores de primeira linha como Tolstoi, Musil, Faulkner."
Miguel García Posada
Hans se dispõe a ir embora novamente, mas conhece a inteligente e insinuante Sophie, por quem se apaixona. No entanto, há uma questão que se coloca entre eles: ela foi prometida a um membro de uma das famílias mais notáveis do vilarejo, e qualquer mudança de rumo trará consequências fatais.
A labiríntica Wandernburgo é uma cidade irreal; mas seus habitantes - com suas questões políticas, sociais e literárias - nos levam a refletir sobre temas tão reais quanto eternos: a transformação pelo amor e pela literatura, e o que de fato vale a pena em meio ao progresso material. A partir de um microcosmo imaginado, Andrés Neuman discute em O viajante do século questões políticas, sociais e literárias do século XIX, mas de uma forma inusitada: com o olhar de um observador do século XXI. Selecionado pelos jornais El País e El Mundo como um dos cinco melhores romances em língua espanhola de 2009, a obra condensa e discute os conflitos da Europa antiga e moderna, por meio de uma história repleta de mistério, humor e paixão.
Andrés Neuman conta que investigou muito sobre a época pós-napoleônica, a Revolução Industrial e o início do feminismo para escrever o romance e "poder inventar melhor". Trabalhou durante seis anos, dos quais 730 dias passou só fazendo anotações e construindo os personagens. Demitiu-se do cargo de professor de Literatura Hispano-Americana na Universidade de Granada para se dedicar totalmente à escrita, o que lhe valeu o Prêmio Nacional da Crítica na Espanha, em 2009, e o Prêmio Alfaguara de Romance. "Foi um ato de fé. Preferia fracassar a ficar imaginando o que poderia ter feito. Para sobreviver ia escrevendo artigos, dava conferências, mas fiquei sem salário. Só não me prostituí. Também, não iam me pagar muito", diz o bem-humorado autor.
Antes de O viajante do século, Neuman foi professor de futebol e vendedor de sorvetes, mas não demorou a alcançar reconhecimento como escritor. De Roberto Bolaño ouviu simplesmente: "A literatura do século XXI estará nas mãos de Andrés Neuman e de muito poucos dos seus irmãos de sangue." O jovem escritor nascido na Argentina mas criado na Espanha, não queria acreditar em tamanho elogio. Ligou para o autor de "2666" e bastou uma conversa para se tornarem amigos. Falaram durante horas sobre poesia japonesa, arquitetura e rock'n'roll. Viram-se apenas uma vez e mantiveram uma amizade epistolar e telefônica até a morte de Bolaño, em 2003.
Neuman costuma dizer que a literatura para ele é tão importante que há um antes e um depois de aprender a escrever: "Era triste, não sei por que, até que descobri a escrita e comecei a inventar histórias. Gostava de mentir. Se a minha mãe me perguntava pela escola, inventava logo um incêndio, com carros dos bombeiros. Escrever é uma dependência, uma necessidade. Quando acabo um livro é como se a minha família tivesse morrido."
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