sexta-feira, 22 de julho de 2011

Nova Edição: Chuva Negra

A Estação Liberdade lança, com tradução de Jefferson José Teixeira feita diretamente do japonês, a obra-prima de Masuji Ibuse, que foi adaptada para o cinema em 1989. Chuva Negra, romance publicado originalmente em 1965, revela como a experiência traumática da bomba atômica que atingiu Hiroshima em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, permanece atual como expressão dos vários reflexos de um evento atroz na experiência pessoal de cada vítima e na história da humanidade em geral. O livro já está a venda na Livraria Cultura.



Às 8h15 da manhã do dia 6 de agosto de 1945 uma bomba atômica atinge Hiroshima. Três dias depois, seria a vez de Nagasaki. Milhares de pessoas morreram imediatamente e muitos dos que escaparam com vida não tiveram um destino menos trágico. A atrocidade histórica e seus reflexos são vistos a partir da experiência desses sobreviventes em Chuva negra, principal obra do escritor japonês Masuji Ibuse.
Nesse romance, vencedor do Noma, um dos maiores prêmios literários do Japão, a nuvem em forma de cogumelo, formada logo após a explosão, não é vista do alto como na imagem tantas vezes repetida, mas da perspectiva daqueles que estão sob seus efeitos. A narrativa coloca o leitor diante do inferno que vivenciaram e da tentativa de retomada do cotidiano depois da catástrofe, como o casal Shizuma, que tenta casar a sobrinha Yasuko. Boatos de que está acometida pela radioatividade afetarão tal pretensão. 
O autor baseou-se em diários e testemunhos para construir o romance, trazendo para a formalização da obra características desse tipo de registro que, de modo geral, traz as impressões escritas em primeira pessoa no calor dos acontecimentos. Assim, vozes singulares se erguem e, somadas, compõem um coro regido por um narrador que jamais torna verborrágico o que está silenciado.
O resultado é uma prosa sóbria e sem sentimentalismo, mesmo quando coloca o leitor diante de cenas como a de uma criança faminta que tenta agarrar o seio de um cadáver, ou de um pai que, para salvar-se, larga para trás o filho clamando por ajuda.
A enfermidade, o sentimento de perda, os preconceitos e traumas, que não ficam à mostra como feridas, seguem cravados na subjetividade dos personagens de Chuva negra. A destruição física, escancarada a cada casa em ruínas e a cada corpo exalando podridão, revela-se como apenas uma das camadas do desastre.

Um comentário:

  1. Olá, tudo bem?!
    Como você se chama? Não encontrei um nome =/
    Gostei daqui =)

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    Tenho um blog brechó também www.brechodameninazen.blogspot.com =)

    Um beijo,
    Fernanda.

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