sexta-feira, 22 de julho de 2011

Resenha: a máquina de fazer espanhóis

Título: a máquina de fazer espanhóis
Editora: Cosac Naify
Autor: valter hugo mãe

Sinopse: Este livro narra a história de António Jorge da Silva, um barbeiro que acaba de completar 84 anos, e depois de perder a mulher, é entregue a um asilo. Sozinho, mas sem sucumbir ao pessimismo, num mundo cuja metafísica parece ter sido subtraída, Silva se vê obrigado a investigar novas formas de conduzir sua vida. Ele que viveu sob o peso de Salazar, nos tempos em que as ditaduras regiam tudo, coloca o passado e suas ações em perspectiva, não sem notar que o pessimismo sobre o papel do país no mundo exacerbou-se ainda mais. Portugal se transformou numa máquina geradora de sentimento de inferioridade, uma máquina especializada em produzir entre os nascidos no país a vontade de deixá-lo.





Desde que, durante a entrega do Prêmio Literário José Saramago, em 2007, o único lusófono Nobel de Literatura classificou-o como um verdadeiro “tsunami literário” e os sismógrafos enfim, e definitivamente, o registraram, valter hugo mãe (propositadamente escrito em minúsculas) continua apresentando o alto nível que já havia demonstrado com o remorso de baltazar serapião.

Em a máquina de fazer espanhóis, o último livro de uma tetralogia (mesmo que com livros independentes entre si), somos apresentados a antónio jorge da silva, um barbeiro de 84 anos que é levado a um asilo depois de perder a sua mulher, e que se torna mais e mais cativante ao decorrer da narrativa, fazendo-nos sentir um grande aperto no coração quando lida a última linha.

Também pudera. O autor, valter hugo mãe, tem uma maneira de narrar única, que, apesar de aparentar-se complicada nas primeiras páginas, mantém-se elegante pelas  demais, com um ritmo mais rápido e leve.

A obra em si apresenta críticas à sociedade portuguesa de maneira geral, mas que se adequariam perfeitamente à realidade brasileira. antónio, através de suas casmurrices, faz-nos, ao mesmo tempo, rir e refletir sobre suas ações. Sobre nossas ações.

a máquina de fazer espanhóis, como disse acima, aperta-nos fortemente em suas páginas finais, que oscilam entre a serenidade e a docilidade, o que só faz com que aguardemos ansiosamente pela chegada dos próximos lançamentos do autor no Brasil (o próximo deve ser o nosso reino, pela 34).

Algo que não posso deixar de salientar, de maneira alguma, é a formosa edição da Cosac Naify. Com uma capa acima de qualquer defeito, feita pelo cartunista Lourenço Mutarelli, a editora, como já uma marca, usa muito bem todos os recursos gráficos disponíveis, o que merece, sem dúvidas, elogios e um ponto positivo para que a máquina de fazer espanhóis torne-se uma leitura indispensável.

Um comentário:

  1. OLÁ!! Somos fãs do VHM.
    Lemos no Clube de Leitura Companhia de Papel... e a resenha conta um pouco do nosso debate...

    http://companhiadepapel.blogspot.com.br/#!/2013/04/a-maquina-de-fazer-espanhois-valter.html

    grande abraço!
    cami

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